Caso remonta a novembro de 2021
Quatro anos de escutas do processo Influencer, a que a CNN Portugal teve acesso exclusivo, apanharam as mais altas figuras do Estado e cruzaram conversas da política aos negócios, passando pelo futebol. Em novembro de 2021, um telefonema entre o então ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e o pai, revelaram uma alegada promiscuidade entre o FC Porto e a polícia – que terá permitido à direção de Pinto da Costa negociar a data de umas buscas à SAD para não prejudicar o ambiente de um jogo com o Liverpool.
O ministro ligou ao pai, José Manuel Matos Fernandes, ex-presidente da assembleia geral do FC Porto, e perguntou-lhe se viu “as notícias” sobre o clube, “de estar a ser investigado”. O pai disse-lhe que sim, que quando esteve num jogo dos dragões frente ao Feirense deu conta disso a Adelino Caldeira (dirigente) e a Pinto da Costa (presidente) e “eles já sabiam que era hoje (operação de buscas à SAD do clube)”. José Manuel disse ao filho, ministro, que “eles até tinham pedido que fosse hoje para não ser no dia do jogo; e a polícia disse que então era na segunda ou na sexta”.
Em causa, a PSP e a Autoridade Tributária, que por instrução do Ministério Público estiveram a 22 de novembro de 2021 na SAD dos dragões e em casa de Pinto da Costa, a fazer buscas relacionadas com comissões de transferências de jogadores e de um negócio com a Altice de direitos de transmissão televisivos.
Dois dias depois, o FC Porto foi jogar a Liverpool para a fase de grupos da Liga dos Campeões, tendo perdido por 2-0. Azar ao jogo, sorte na justiça, com a alegada dica sobre a operação de buscas. Um alegado favorecimento da polícia à direção de Pinto da Costa, inclusive com a concertação de datas da operação, que não se sabe se o Ministério Público decidiu investigar em inquérito autónomo.