Nininho Vaz Maia: “Revejo-me menos no temperamento cigano. Nós somos criticados mas também não nos integramos, somos muito fechados”
Cresceu no bairro da Picheleira, em Lisboa. O pai esteve preso e a vida no bairro não era fácil, a fuga aos “maus caminhos” só foi possível graças a um projeto de integração social. Deixou a escola aos 16 anos e viu na música um futuro. Em 2014 tornou-se conhecido do público português com um vídeo publicado nas redes sociais. Hoje somam-se os sucessos, não há limites e o próximo objetivo é encher uma das maiores salas do país. Nininho Vaz Maia é o convidado do Geração 80
Nasceu em fevereiro de 1988, em Lisboa. Viveu no bairro da Picheleira, antigo bairro da Curraleira – um dos maiores e mais antigos bairros de barracas de Lisboa. Foi aí que os pais se conheceram. A família paterna é cigana, os pais cresceram juntos e viviam “porta com porta”. Estão juntos desde os 11 anos. “Gosto muito da história deles”.
É cigano e cresceu no bairro com a comunidade. A vida era complicada, mas a fuga aos “maus caminhos” tornou-se fácil com a ajuda de projetos de integração social como o “Sementes a Crescer”. “Marcou-me para sempre. Sem o acompanhamento daqueles profissionais, o mais provável era sair da escola e andar pelas ruas a fazer porcaria, a roubar”, confessa.
O Verão era muito aguardado pelas crianças do bairro, porque finalmente podiam sair e conhecer outras cidades. “O meu pai estava preso, o pai do meu amigo estava preso e não tínhamos como ir para outro sítio. Não tínhamos ninguém. Até os nossos tios estavam presos. Participar no projeto era a única forma de não passarmos as férias fechados no bairro”, explica.
Trouxe para este podcast uns berlindes, brincadeira de infância que durava tardes e que hoje ainda usa para brincar com os filhos.
Deixou a escola aos 16 anos. Queria ser jogador de futebol, mas foi na música que encontrou um futuro. Em 2014, tornou-se conhecido com um vídeo publicado nas redes sociais, a cantar e tocar guitarra com uma pulseira eletrónica na perna. Estava em casa em prisão domiciliária.
Hoje é um dos artistas mais conhecidos do país e um exemplo para o bairro onde cresceu e para a comunidade cigana. Não há limites, e depois de encher várias salas de espetáculos prepara-se para conquistar a maior: o MEO Arena.
Avelino Abel Vaz Maia, mais conhecido por Nininho Vaz Maia, é convidado do novo episódio do Geração 80. Nesta conversa com Francisco Pedro Balsemão fala abertamente sobre sobre os hábitos e tradições da comunidade cigana, que admite ainda ser muito “fechada